sábado, 9 de agosto de 2008

XVIII - Ficções do Interlúdio (1)


Quem me dera que fosse o pó da estrada

E quem os pés dos pobres me estivessem pisando...


Quem me dera que eu fosse os rios que correm

E que as lavadeiras estivessem a minha beira...


Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio

E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...


Quem me dera que fosse o burro do moleiro

E que ele me batesse e me estimasse...


Antes isso que ser o que atravessa a vida

Olhando para tràs de si e tendo pena...


Alberto Caeiro

Nenhum comentário: