domingo, 23 de março de 2008

O que esperar do tempo

Que ele anda pra frente, nunca para trás. Esse é o começo de um raciocínio. A partir disso, se tem o fato (e o fardo) de que nossas tristezas se consolidam e se transformam no seu trabalho. A memória nos revela uma velha surda, daquelas que só ouvem o que lhes convém e muito de vez em quando. Trás o passado reto e o faz torto, tira um torto e mostra um reto. Mas a angustia toda está no futuro. Simplesmente não temos acesso ao futuro. O futuro é um Deus, nunca o encontramos, mas sempre pensamos nele, o futuro é o vento que sentimos pelas mãos, mas não o pegamos, não o alcançamos, ele apenas passa, de presente a passado. A verdade é que a pergunta está mal feita. Não há o que esperar por ele. Isso seria esperar um destino, esperar Deus mesmo. A pergunta é o que o tempo espera de nós. Colocar alguém no meio. O que esperamos fazer do tempo dentro de uma sociedade. Talvez a questão de formular perguntas seja a mais importante, para não cairmos na metafísica. Perguntas vagas levam a respostas vagas. Perguntas específicas levam a respostas específicas, a não ser que quem responda não acompanhe nada.

Fica fácil então. Caso não me dêem nada, não irei. Caso dêem, irei.

Um comentário:

Lucas Welter disse...

Desde quando tu viraste crente?